Endometriose e Infertilidade - A doença da Mulher Moderna

Quase todos nós usamos a internet como fonte de informação para assuntos do nosso interesse.É frequente recebermos pacientes com uma imensa gama de informações retiradas da internet.

Em maio de 2011, fiquei curioso em saber se a prática clínica está pertinente com a frequência das publicações relacionadas em um famoso site de busca, quando o tema é infertilidade e endometriose (Tabela 1).

Parti então para uma pesquisa onde estabeleci alguns critérios para que fosse a mais objetiva e atual:

• - A palavra pesquisada deveria estar no título da página;
• - A publicação poderia estar em qualquer idioma e em qualquer formato;
• - Deveria ter sido publicada no último ano 2010/2011.

Como comparativo pensei então usar duas patologias mais conhecidas pelas mulheres – mioma e Câncer de Mama.

Tabela 1 - Resultado da busca

• - Observamos que a relevância das publicações sobre as patologias mais conhecidas, câncer de mama e mioma (Tabela 1 – itens 3 e 4), foi semelhante às da endometriose (Tabela 1 – item 5).
• - Quando o tema infertilidade e endometriose (Tabela 1 – item 1) foi pesquisado, a somatória das publicações foi muito superior a todas as outras.

Entretanto, se observarmos a prática clínica do ginecologista, entre as três patologias, há uma ênfase maior na busca pelo diagnóstico de miomas e câncer de mama.

É preciso lembrar que endometriose é muito frequente, sendo a maior causa de infertilidade em mulheres com mais de 30 anos. É frequente pacientes com estágios avançados, que já passaram por várias consultas, sem que fosse dado o diagnóstico.

Baseados que nos Estados Unidos, com uma população de 163 milhões de mulheres, existiam cerca de 17 milhões com endometriose. Se fizermos uma projeção para o mundo, 370 milhões de mulheres apresentam algum grau de endometriose.

Na minha opinião pessoal, o diagnóstico da endometriose pode ser clínico, se realizarmos uma detalhada anamnese e exame físico, associando a ultrassonografia transvaginal/transretal e a ressonância magnética. A cirurgia fica reservada para as correções em alguns casos.

Infelizmente, a maioria dos médicos não está treinada para diagnosticar a endometriose na fase inicial e, pior, deixa evoluir para agravar a doença.

Todas as situações que aumentam o refluxo de sangue para as tubas (trompas de falópio) como malformações do útero (arqueado, septado, duplo, miomas, pólipos etc), menstruação prolongada ou excessiva, abortos etc, podem induzir a endometriose.

Pacientes com endometriose, não raro, podem apresentar abortamentos. Tratar antes de engravidar diminui a incidência de abortos espontâneos.

As adolescentes devem ficar atentas se o fluxo menstrual apresenta coágulos ou durar mais de cinco dias, porque tem risco potencial de desenvolver endometriose.

Os resultados da Inseminação ou bebê de proveta ou ICSI poderão ter pouco sucesso se antes não tratar a endometriose.

Para finalizar, a endometriose é perfeitamente controlada se diagnosticada precocemente e, principalmente, pode ser facilmente prevenida se forem observados os sinais desde a adolescência.

Mesmo nos casos graves, a gestação não só é possível como é o melhor tratamento para a endometriose.

Para aquelas que não desejam a gestação, afastadas minuciosamente as contraindicações, orientadas por um médico, o anticoncepcional hormonal é a melhor indicação para prevenir e/ou tratar a endometriose.