Todo Médico deveria ter um Ultrassom

Imagine uma suspeita de gravidez tubária, uma endometriose, uma ameaça de aborto, um feto com Crescimento Intra-Uterino Retardado - CIUR, um Descolamento Prematuro da Placenta - DPP, uma placenta previa total com risco de hemorragia grave, uma dor pélvica por abscesso tubo-ovariano ou corpo lúteo hemorrágico (ovulação com sangramento), um cisto gigante de ovário com risco de torção etc.

Julgo o ultrassom como a maior revolução na propedêutica diagnóstica em todas as áreas. O som é praticamente inócuo (sem efeitos colaterais), altamente confiável, de baixo custo operacional e resultado imediato. Está aí a Ressonância magnética revolucionando diagnósticos antes invasivos e com riscos.

Há 22 anos atrás, quando fiz minha pós-graduação em Medicina Reprodutiva nos Estados Unidos, tive a experiência de observar o próprio médico da paciente realizar o exame de ultrassonografia.

Era rotina, na primeira consulta, para todas as pacientes.

Eu estava acostumado, aqui no Brasil, de encaminhar minha paciente para clínicas de diagnóstico por imagem. Demorava uma semana, quinze dias, um mês para retornar com um laudo, devido à disponibilidade de agendamento, realizar o exame, aguardar até uma semana para o laudo, marcar o retorno etc. Um tempo precioso que poderia ser abreviado para alguns minutos, caso eu tivesse meu próprio aparelho de ultrassom. Mas o preço do equipamento era muito caro e inviável para utilizar somente nos meus pacientes.

Essa demora muitas vezes inviabilizava o exame.

A falta do exame de ultrassom precipitava ou retardava condutas com um risco de morbimortalidade.

Em outras áreas da medicina acontece a mesma deficiência.

Se todo médico tivesse condições financeiras de ter um Ultrassom à sua disposição durante a primeira consulta, o benefício para eles e para os pacientes seriam enormes. E o ideal era que o próprio médico assistente realizasse o exame. Porque ele conhece toda a história do cliente e colheu todos os dados necessários para colaborar com um melhor diagnóstico. Sou daqueles que defendem veementemente que o exame é um complemento à suspeita diagnóstica do médico. E ninguém melhor do que o médico assistente para dar o diagnóstico e até discordar do laudo quando ele não realizou o exame.

Com o ultrassom, o médico enxerga além da visão e penetra estruturas de onde retornam ecos que desenham, com extrema precisão, a arquitetura normal e patológica.

É tão precisa a imagem do ultrassom que consigo entrar com uma agulha numa pélvis, para colher óvulos dos ovários, desviando de vasos e intestino com extrema precisão e segurança.

Todo médico deveria ter seu próprio Ultrassom.